quinta-feira, 26 de maio de 2016

Superação Constante

Essa é a historia de uma grande amiga... Ela deixou dividir sua vida, pra garantir como podemos ser fortes diante algo desesperador, que nos faz perder nossa essência. 
Essa querida amiga teve, de certa forma, uma doença auto imune: a auto destruição psicológica .. onde ela aceitava que era certo sofrer.
Temos sempre escolhas..
Desejo que todos nós, tenhamos coragem pra levantar a mão e pedir ajuda...e que sejamos fortes o suficiente para aceitar essa ajuda! 
Que sejamos fortes e frágeis. Não importa o motivo e/ou razão pra desenvolver essa outra doença que esta ligado a tudo que passamos, mas quando iniciamos o caminho, iniciamos também o inicio da tranformação a cada superação. 
Muita Luz...




"Não sei bem ao certo quando tudo começou. Achei que era normal fazer tudo o que eu fazia, sentir tudo que eu sentia. Não achei que eu fosse assim tão diferente das outras pessoas ditas "normais".
Eu sofri abuso dos meus 9 aos 19 anos. Mesmo que no começo e grande parte do tempo eu não tivesse noção disso. Me sentia culpada e achava que eu era a errada na historia. Errada por sentir nojo do que ele chamava de "carinho e amor". Aos 14, tentei contar para minha mãe sobre isso. Sem sucesso. Eu não soube falar e ela não soube ouvir. Foi aí que me cortei pela primeira vez. Alivio instantâneo, porém passageiro. Despertou em mim, meus comportamentos autodestrutivos, característicos do transtorno borderline.
Aos 18, provei pela primeira vez o gosto da depressão. Procurei ajuda, mas com três semanas depois aquela tristeza profunda tinha se transformado em euforia e fazer terapia naquele momento não fazia mais sentido pra mim. Experimentei provavelmente meu primeiro ciclo da bipolaridade.
O tempo passou e eu fui me transformando em três pessoas diferentes, sem saber ao certo qual era definitivamente eu mesma. Uma era depressiva que não comia, não saia da cama, não trabalhava, cinza, solitária. Outra era uma pessoa enlouquecidamente maravilhosa, dona do mundo, segura, desinibida, promiscua, cheia de vícios. E a outra, que se formava no vazio das duas anteriores, era motivada por planejar qual o próximo corte no braço.
Numa semana eu estava na cama, sem comer, sem beber, sem fazer xixi ou tomar banho. Chorava calada, me sentindo um verme, achando que a morte era a solução, já que me sentia um peso para minha família e amigos. Na outra eu estava na cama com uma estranha, fazendo sexo sem cuidado, me exibindo pelas redes sociais, comprando descontroladamente, comendo sem limites, me sentindo maravilhosa, fora de série, incrível. Na outra eu não sabia quem eu era. Parecia anestesiada. Não sabia ao certo como agir.
As coisas começaram a sair do controle quando comprei pela primeira vez, um estilete, exclusivamente para me cortar. E me cortei. E foi fundo. 23 pontos ao todo e um grito de socorro para minha família.
Iniciei tratamento terapêutico e psiquiátrico. Neste ultimo, diversas tentativas, entre elas uma lista de quase dez médicos, e inúmeros remédios e doses. Parecia que nada funcionava. Os ciclos se tornaram cada vez mais intensos e eu me via cheia de efeitos colaterais. Pancreatite, perda urinaria, enjoo, tontura, desmaios, intoxicação medicamentosa. Hipótese diagnostica: bipolaridade.
Até que aconteceu minha primeira internação psiquiátrica. Dopada. Foi como eu fiquei por um mês e meio. Tinha dias que me davam comida na boca porque eu era incapaz de fazer isso sozinha, outros eu caía um número sem fim de vezes pela clinica. Desmaios, muitos desmaios devido a medicação forte e indevida. Diagnostico: bipolaridade e transtorno borderline.
Sai da clinica e perdi minha liberdade. Meu quarto não tinha mais chave, eu dormia com meus pais e não ficava sozinha em hipótese alguma. Tudo era tão sufocante que na primeira oportunidade, quando eu fiquei sozinha eu aproveitei para cortar uma artéria. Quanto mais o sangue jorrava, mais tesão eu sentia. Era louco, muito louco. As pessoas me olhavam horrorizadas ao me ver coberta de sangue e eu apenas sorria.
Ganhei um cachorro e minha vida começou a mudar. Se eu não me importava com minha própria vida, passei a me preocupar com a dele. Queria poder pegar ele no colo, mimar, cuidar. Não dá pra fazer isso com o braço aberto.
Encontrei uma psiquiatra muito competente que me ajudou muito e acertou minha medicação. Ela confirmou meu diagnostico de bipolaridade e bordeline, e me fez entender melhor como minha mente funcionava. Embora os ciclos ainda não tivessem cessado, as crises eram menores. Infelizmente ela teve que sair da cidade, não podendo mais me atender. O que me levou a busca de um novo profissional. Eis que encontro um que ao me ouvir, teve uma nova hipótese: TDAH. Fiz um teste e experimentamos um remédio para isso.
Minha vida mudou. Tudo que eu fui já não é mais eu. Minha vida tem outro rumo. É como se eu pudesse finalmente ser quem eu realmente sou, sem me basear nos meus transtornos.
Esse novo remédio, controla meus impulsos autodestrutivos, me dá foco, atenção, disposição. E junto aos outros remédios para bipolaridade e bordeline, me dá muita qualidade de vida. FINALMENTE.

Você pode estar passando pela mesma coisa, e assim como eu, achar que é normal... Ou pode estar com outros problemas de saúde mental ou física, achando que não é nada demais. Mas você nunca vai melhorar, se não procurar ajuda. Eu procurei e hoje minha vida é melhor. Não vai ser fácil, nem rápido, mas será recompensador...acredite em mim, a vida pode ser melhor."

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